sábado, 15 de agosto de 2015

Assunção de Nossa Senhora . Solenidade (15 e 16/Agosto)

Cor: Branco
1ª Leitura - Ap 11,19a; 12,1-6a.10ab
Salmo - Sl 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b)
2ª Leitura - 1Cor 15,20-26.28
Evangelho - Lc 1,39-56
Será que o dragão existe? Hoje na leitura do livro de Apocalipse apareceram dois sinais: a mulher e o dragão. O dragão era um bicho muito feio, a sua cor era de fogo com sete cabeças e dez chifres e uma cauda que arrastava uma terça parte das estrelas do céu. O dragão estava diante do outro sinal, a mulher, vestida do sol que estava gravida e na hora de dar à luz. A intenção do dragão era devorar o filho da mulher logo que nascesse.
O que representa estes dois sinais? A mulher representa Maria, mas não só ela, representa a própria Igreja que no tempo dos primeiros cristãos era duramente perseguida. O dragão, claro representa o mal. Para os primeiros cristãos era o próprio Império Romano que oprimia e perseguia os cristãos. Entre a mulher e o dragão não há como ganhar, pois, a mulher estava grávida de vida nova e na hora do parto, sem defesa. Ela representa as pequenas comunidades que estavam nascendo no meio do Império Romano como sinais de vida e como manifestação da presença do Reino de Deus. A luta parece desigual, pois as comunidades não tinham como resistir, mas é a força de Deus que ganha diante do mal. As comunidades cristãs, pela força do Cristo ressuscitado, vencerão esta força do mal. Os cristãos podiam ter a certeza da vitória na sua luta contra o dragão.

O Evangelho de Lucas conta sobre a visitação de Maria à Isabel. Eram duas mulheres que não podiam ficar grávidas, uma de idade avançada e a outra, virgem. Mas apesar disto, é o encontro da vida e da esperança: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”. É nesta hora que Maria proclama a Magnificat, mostrando que Deus realizou uma grande transformação.
Podemos trazer estas leituras para nossa vida hoje. Existem entre nós muitos sinais do dragão:
Ainda na sociedade podemos constatar a violação dos direitos das pessoas por causa do desrespeito e injustiça. É preocupante ver no Brasil a situação de tantas pessoas que vivem sem as condições básicas de saúde, educação e moradia.
No lado da política, todos os dias temos mais notícias da corrupção. Fica claro que a busca do poder não é para o bem do povo mas para abusar do poder para alcançar seus próprios interesses.
Do lado religioso, muitas pessoas não vivem seu compromisso cristão, dizem que tem fé, mas é completamente desligada da prática de amor. Ainda, há pessoas que buscam os sacramentos por tradição, sem entendimento do seu significado e participação na comunidade.
Diante de tudo isto, podemos dizer que o dragão ainda existe, mas que a canção de Maria continua sendo sinal que Deus realizou uma grande transformação.
No nível político: Deus derruba a desigualdade humana, "abate os poderosos de seus tronos e eleva os humildes". É uma reviravolta onde os pequenos e excluídos são colocados em primeiro lugar, garantindo a vida de todos.
No nível social, Deus confunde a classe baseada no dinheiro e na riqueza. "Cumulou de bens aos famintos e despediu os ricos de mãos vazias"…para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade, porque todos são filhos de Deus.
No nível religioso, Maria diz que todas as gerações a chamarão de bem-aventurada, porque acreditou o que o Senhor prometeu. Na sua fidelidade, Maria mostra o caminho da fé na prática do serviço e do amor.
Diante do sinal de Maria e da sua fé no Deus que garante a vitória sobre o mal, podemos dizer a festa da Assunção não é apenas uma verdade para se crer, mas sobretudo um mistério para penetrar. Celebrar a Assunção de Maria é também lembrar que apesar de tantos sinais de morte, nós podemos ser sinais de vida e, que pelo nosso compromisso de cristãos, mesmo cercados pelo grande dragão, somos capazes de vencer o mal pelo bem. A nossa celebração da Assunção de Maria é acreditar que com Maria podemos também vencer o mal e viver conforme os desígnios de Deus, sendo sinais de vida.
Frei Gregório Joeright

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