2º DOMINGO DA QUARESMA
Cor litúrgica: ROXO
Liturgia da Palavra
1ª Leitura- Gn 15, 5 - 12.17-18
Salmo- 26 (27)
2ª Leitura- Fl 3, 17-4,1
Evangelho- Lc 9, 28b-36
☆REFLEXÃO
O que é um mistério? Algo que é escondido ou que não compreendemos. Por exemplo, perdemos a chave de casa e não está mais no lugar onde costumamos deixar. Ficamos logo pensando onde está a chave. Será que caiu do bolso na rua, deixamos na loja onde fizemos compras, guardamos em outro lugar, alguém pegou e levou? É um mistério e o mistério pode causa medo pois logo começamos a imaginar o que pode acontecer. Não vamos poder entrar em casa, um ladrão pode ter pego e vai entrar em casa. Mas, de repente lembramos de olhar na gaveta da cozinha e achamos a chave. Assim, o mistério foi revelado, compreendido e ficamos tranquilos. Ao mesmo tempo, o mistério pode ser tão grande que falta compreensão. Por exemplo, apesar de toda a ciência da nossa época, não compreendemos os mistérios da vida, do universo e da criação. Diante de tal mistério, calamos, só podemos contemplar.
Ao longo da história, Jesus sempre foi um mistério. Desde as primeiras comunidades cristãs havia a pergunta: Quem é Jesus? O que significa a sua morte de cruz? Como entender a dura realidade de morte e morte de cruz? Pergunta que tem resposta: Jesus é o Filho de Deus que ressuscitou. Mesmo assim, para as primeiras comunidades, sempre foi necessário fazer a pergunta quem é Jesus e procurar a resposta pois era necessário descobrir o mistério de Jesus e o que isto significa para a vida do discípulo. Ao mesmo tempo, ainda hoje é uma pergunta que precisa de resposta, pois em nossas comunidades, o mistério de Jesus continua se revelando.
O evangelho da transfiguração foi justamente a resposta de que Jesus veio como homem, mas apontava para uma outra realidade. No evangelho, Jesus levou os discípulos a uma alta montanha, que representa o lugar onde Deus se manifesta. Lá sua aparência mudou por completa, seu rosto ficou brilhante e suas roupas brancas, é a manifestação da futura glória de Jesus.
Os discípulos querem ficar contemplando esta glória, parados, mas é preciso escutar a voz do Pai: “Escutem o que ele diz”. Não pode ficar só contemplando a glória de Jesus, é preciso descer da montanha para a realidade do dia-a-dia, pois é esta realidade que precisa ser transfigurado.
O mistério da transfiguração de Jesus continua sendo o mistério para a vida do cristão, pois diante de tamanho mistério, só podemos ficar calados, é preciso contemplá-lo para descobrir o que significa seguir Jesus e, na escuta de sua palavra, compreendemos que a transfiguração significa a transformação do mundo.
É o que celebramos na Eucaristia: mistério de Jesus. Subimos a Montanha para contemplar o rosto de Jesus e escutar essa Voz. Depois descemos reanimados para prosseguir a nossa caminhada. A nossa fé na transfiguração nos deve levar a transfigurar todo o nosso ser e transformar o mundo que nos rodeia. É importante isto, porque muitas vezes queremos uma Missa animada, som nas alturas, muita louvação que pode nos emocionar. Mas, em tudo isso, podemos esquecer o essencial, o mistério pois não nos calamos para contemplá-lo, perdemos então esta oportunidade.
Então o evangelho nos coloca diante de uma grande pergunta: Quem é Jesus?
- Com certeza nossos anseios, nossa realidade são os desafios que enfrentamos, mas ao mesmo tempo, nos ajudam a descobrir o rosto de Jesus, filho amado do Pai que precisamos escutar a sua voz.
- Quem contempla o mistério de Jesus também compreende a missão do cristão, transfirguar, transformar o mundo para que também possamos continuar no meio deste mundo testemunhando o mistério de Jesus e manifestando seu rosto transfigurado, sinal da vitória sobre as trevas.
- Para viver em comunidade, é preciso passar pela cruz. O mistério de Jesus é que justamente pelo sacrifício e doação que podemos transformar a nossa vida e a vida da comunidade em justiça, amor e fraternidade. Que o mistério que celebramos não seja só da boca para fora, mas sinal do nosso compromisso em transformar a nossa própria vida, a vida da comunidade e do mundo em que vivemos.
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