As leituras são: Gl 6, 14-17 e Mt 11, 25-3
FESTA DE SÃO FRANCISCO – 2015
“Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado”.
Estas são as palavras de Jesus no evangelho de hoje. Podemos perguntar: o que Deus escondeu e porque escondeu dos sábios e inteligentes?
Para responder podemos olhar para a vida de São Francisco. Era o outono de 1225, um ano depois que São Francisco tinha recebido os estigmas de Nosso Senhor Jesus. As marcas de Jesus crucificado atormentavam o corpo de Francisco, mas ele não se importavam com tais sofrimentos, pois ele queria fazer das palavras de São Paulo, as palavras dele: “Quanto a mim, que me glorie somente da cruz do nosso Senhor, Jesus Cristo... eu trago no meu corpo as marcas de Jesus” (Gl “6, 14-17). Para viver na altura do evangelho, Francisco queria retomar as suas origens e se retirou para a pequena capela de São Damião, do mesmo lugar onde ele escutou a voz de Cristo do alto da cruz: “Francisco restaura a minha Igreja”. Lá ele ficou sozinho, deitado no chão, numa pequena cabana de palha. Ele estava quase cego, enfraquecido pelo estigmas e não podia dormir porque a noite, os ratos passava por cima do corpo dele. No meio a tanto sofrimento, Francisco deixou um cântico do amor a Deus, a toda a humanidade e a toda a criação. Era o cântico do Irmão Sol.
Neste cântico Francisco trata toda a criação como uma grande família. “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas”. Ele lembra que toda a criação é irmão e irmã. Irmão sol com a sua luz, irmã lua e as irmãs estelas que clareiam a noite. Irmão vento, irmã agua, irmão fogo e irmã terra que sustentam a vida e dão força para todas as criaturas. Não só isso, Francisco lembra a importância do perdão entre as pessoas e os que sofrem tribulações por causa do amor. Para Francisco é o perdão que traz a paz, a paz que deve existir entre todas as pessoas como irmãos e irmãs, formando a grande família de Deus. A família para Francisco não era somente mãe, pai e irmãos, mas todas as pessoas e toda a criação. Tudo era interligado, todos unidos no amor e na preocupação e compromisso diante dos problemas da sociedade.
Com certeza esta atitude de São Francisco nos ajuda na reflexão sobre a nossa casa comum e o cuidado com toda a criação. Quando falamos da criação, falamos mais que a natureza, falamos também do projeto de amor de Deus, onde cada criatura tem um valor e um significado. E hoje nossa reflexão focaliza a fauna, que significa um conjunto de animais que habitam uma determinada região. Nesta região da Amazônia, na fauna, podemos ver os sinais da criação como dom nas mãos de Deus e, que o amor de Deus, é a razão fundamental de toda criação.
Assim descobrimos o sentido das palavras do evangelho que Deus escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequenos. É preciso lembrar que os seres vivos não devem ser considerados unicamente como objeto de lucro e interesses pessoais. Pelo contrário podemos viver um ideal proposto por Jesus e seguido por Francisco de Assis. Este ideal é a harmonia, a justiça, a fraternidade e paz como expressão da nossa fé e do amor que Deus manifestou em toda a criação. Assim, só os pequenos podem descobrir que toda a natureza é lugar da presença de Deus e em toda criatura habita o seu Espirito que nos chama a uma fraternidade universal. Quando entendemos isto, descobrimos as verdades de Jesus e somos chamados a viver “virtudes ecológicas”. Estas virtudes podem ser vividos a partir do momento em que compreendemos que os atuais desafios em relação à nossa casa comum exigem um comprometimento de um número cada vez maior de pessoas na busca de viver esta harmonia com todas as criaturas como verdadeiros irmãos e irmãs.
“Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso”. Atualmente o fardo que a natureza e toda criação carrega é justamente as ameaças da destruição e o abandona do projeto de amor de Deus manifestado na criação. Francisco descobriu que na cruz de Jesus é que nós criaturas podemos descobrir este projeto e este amor de Deus. Este fardo será aliviado quando o nosso coração está verdadeiramente aberto a uma comunhão fraterna, onde nenhuma criatura fica excluída desta fraternidade. Porque assim, Pai, foi do teu agrado.
Frei Gregório Joeright, ofm
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