Cor: Verde
1ª Leitura - Gn 2,18-24
Salmo - Sl 127,1-2.3.4-5.6 (R. cf. 5)
2ª Leitura - Hb 2,9-11
Evangelho - Mc 10,2-16
São Francisco de Assis, o padroeiro desta paróquia de Monte Alegre, é um santo muito popular em todo o Brasil e também o santo inspirador para o nosso papa Francisco, tanto no seu pontificado como também na sua Encíclica: “Laudato Si sobre o cuidado da Casa comum”. Quando falamos de Francisco de Assis, também lembramos de Santa Clara, considerada a “plantinha espiritual” de São Francisco. Não só Clara de nome, mas também Clara por sua vida e claríssima em suas virtudes. Tanto Francisco como Clara eram apaixonados por uma causa: a vivência do Evangelho e o seguimento de Jesus na simplicidade e minoridade.
Francisco e Clara, unidos no mesmo projeto, também tinham um desejo de compartilhar a experiência do amor de Deus em suas vidas. Clara, então, convidou Francisco para um jantar e Francisco aceitou o convite conforme a caridade divina. Foi combinado a fazer a refeição em Santa Maria dos Anjos, o lugar onde Clara iniciou a sua caminhada de consagrada e esposa de Cristo. Francisco mandou pôr a mesa sobre a terra nua e, depois, os companheiros de Francisco e as irmãs Clarissas sentaram-se à mesa para tomar a refeição. Francisco iniciou falando do amor de Deus de uma maneira tão suave e clara que todos levantavam as mãos e os olhos e ficaram envolvidos na graça de Deus e no fogo do Espirito Santo. De tal maneira que todos os habitantes de Assis viram que o convento e toda a selva ao redor ardiam, que parecia um grande incêndio. Foram correndo e chegando ao convento não viram nenhum fogo mas somente Francisco e Clara sentados ao redor da sua humilde mesa e envolvidos na luz de Deus. Compreenderam que o fogo que tinha visto significava o fogo do amor divino que ardia nos corações de Francisco e Clara.
Nosso papa Francisco também fala deste amor de Deus e do fogo do Espirito quando lembra que a criação só pode ser concebido como um dom que vem das mãos abertas do Pai de todos nós, como uma realidade iluminada pelo amor que nos chama a uma comunhão universal.
Neste mesmo sentido, podemos lembrar da primeira leitura de hoje que fala sobre a criação do homem e da mulher e a missão que receberam das mãos de Deus para serem colaboradores no cultivo do jardim ou no cuidado com a natureza. São companheiros e extensão um do outro para revelar o plano de Deus para com toda a criação.
Jesus retoma este projeto no evangelho quando lembra que a dureza do coração permitia que o homem fizesse uma certidão de divórcio que mostrava a dominação do homem sobre a mulher, criando a desigualdade entre ele e ela. Para Jesus o caminho é outro: é necessário superar os interesses particulares e a dominação das pessoas para descobrir o verdadeiro caminho do amor que significa vida digna sem exclusões.
Do mesmo jeito, a dominação do homem e da mulher sobre a natureza não pode ser para os interesses particulares ou para o benefício de alguns e a exclusão de muitos. O papa Francisco lembra que temos dois caminhos na história da humanidade: o caminho de libertação e engrandecimento da vida através do amor e da solidariedade com toda a criação ou o percurso do egoísmo e da mútua destruição. A crueldade contra a natureza é a crueldade contra a pessoa humana. Nós como cristãos devemos lembrar que cuidar da natureza e das criaturas é sobretudo proteger o homem e a mulher da destruição de si mesmo.
Foi na casa que Jesus acolheu a criança, dando prioridade para elas sobre as atitudes insensatas dos adultos. A terra é a nossa casa comum e é preciso cuidar dela como cuidamos de uma criança, dando prioridade sobre as atitudes insensatas da destruição por causa do egoísmo e da ganancia. Na sua prática, Jesus nos ensina uma grande lição, pois acolher uma criança é acolher Jesus e acolher Jesus é acolher o plano do amor de Deus para com toda a criação. Francisco e Clara compreenderam este mistério e por isso a luz divina e o fogo do Espirito ardia no coração e iluminava a vida de todos. Que o amor divino e o fogo do Espirito possa iluminar todos nós, homens e mulheres, para que na nossa casa comum, possamos entrar em sintonia com a criação como dom das mãos de Deus e entender que o amor de Deus é a razão fundamental de toda a criação.
Frei Gregório Joeright, ofm
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