12° Domingo do Tempo Comum
1° Leitura: Jó 38,1.8-11
Salmo: 106
2° Leitura: 2 Corintios 5,14-17
Evangelho : Marcos 4,35-41
Todos nós gostamos de fotografia. Tiramos uma foto para marcar um momento: pode ser uma festa, uma viagem, um encontro com um amigo ou para registrar uma situação de sofrimento, alegria, violência ou até de morte. Hoje em dia tem o selfie, pode tirar uma foto de si mesmo. Quando olhamos para uma foto, procuramos ver os detalhes: as pessoas presentes, o senário, a paisagem e o que está acontecendo naquele momento. Uma foto pode contar toda uma estória de pessoas ou de acontecimentos.
A leitura do evangelho de hoje, a estória da travessia para o outro lado do mar é como uma foto da primeira comunidade cristã. Podemos dizer que é um selfie da comunidade. Vamos então contemplar o cenário desta foto.
Jesus tinha ensinado a multidão usando parábolas sobre o Reino de Deus. Ele convida os discípulos a sair, ir para a outra margem e, na travessia, começou uma grande ventania, com ondas que afundavam o barco. Mas ele estava dormindo e os discípulos ficaram apavorados: “Mestre estamos perecendo e não te importas? ”. Jesus levantou e manda o mar e o vento a se calar. Depois pergunta: “Porque estão com medo, não têm fé? ” E eles perguntam: “Quem é este que até o vento e o mar obedecem? ”
Este retrato da comunidade mostra algumas coisas importantes. O outro lado do mar representa o Reino de Deus, o destino da comunidade. Jesus ensinava sobre este Reino que deve ser também o objetivo a ser alcançado por todos os cristãos. O barco é a própria comunidade que está atravessando o mar, este mundo, para alcançar o Reino. Os discípulos são os cristãos que enfrentam todo tipo de dificuldade, são as tempestades e ventos contrários diante do grande desafio de construir o Reino. Para eles os ventos contrários eram as perseguições, o medo, os conflitos internos na comunidade e a própria falta de fé. Quem seria este Jesus, um condenado à morte de cruz, uma pena de escravo e um maldito nos olhos dos Judeus? Este retrato era justamente para mostrar que Jesus tem o poder sobre as forças do mal deste mundo e que a sua ressurreição é prova que não está ausente, mas presente na caminhada da comunidade que tem a missão de atravessar o mar em direção ao Reino.
Diante deste retrato da primeira comunidade, nós também podemos tirar um selfie. Primeiro, olhamos o cenário nacional: uma situação de desanimo e descredito diante de tanta corrupção. No cenário local olhamos para a nossa cidade que completa 354 anos. Olhamos para as periferias abandonadas, a violência com onda de crimes, o transito com acidentes todos os dias e sonhamos com Santarém como Perola do Tapajós. Nas nossas famílias encontramos situações de drogas, desentendimentos e separações. E a nossa comunidade, muitas vezes desanimada diante de divisões, fofocas e interesses particulares. Quando olhamos para todas estas situações, perguntamos onde está Jesus, será que está presente?
Jesus questionou a falta de fé dos discípulos: “Por que duvidaram, homens de pouca fé? ” A nossa fé deve ser o motor para nos ajudar a superar as tempestades que enfrentamos neste mundo. Ao mesmo tempo, Jesus é aquele que tem o poder de dominar as ondas do mar: “Quem é este homem a quem até o vento e o mar obedecem? ” O evangelho de hoje quer mostrar quem é Jesus e que em Jesus se revela a mesma força de Deus. É uma profissão de fé que nos dá a coragem de enfrentar todas as tempestades, pois continuamos neste mesmo barco rumo ao Reino de Deus.
Frei Gregório Joeright, ofm
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