sábado, 25 de julho de 2015

17º DOMINGO Tempo Comum (25 e 26/Julho)




Cor: Verde
1ª Leitura - 2Rs 4,42-44
Salmo - Sl 144,10-11.15-16.17-18 (R. cf.16)
2ª Leitura - Ef 4,1-6
Evangelho - Jo 6,1-15

REFLEXÃO 
Todos nós temos sinais que nos identificam. Os sinais dizem quem somos: a bandeira do Brasil nos identifica como brasileiros, o hino do nosso time como torcedor, uma aliança no dedo como casado, uma cruz no peito como cristãos.

De fato, a cruz é o sinal principal do cristão. Mas também, existem outros sinais desde o início do cristianismo que manifestam a identidade de cristãos: o peixe e o pão.
Os primeiros cristãos eram perseguidos, mas precisavam se identificar uns aos outros e, por isso, usavam o sinal do peixe. As letras da palavra grega para peixe eram usadas para dizer: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. O peixe era a carteira de identidade do batismo. Outro símbolo era o pão, pois na celebração da Eucaristia e na partilha do pão, os cristãos viviam a sua identidade de cristãos.
Estes dois símbolos aparecem na leitura do evangelho de hoje. Jesus subiu ao monte, ele é o novo Moises que agora vai libertar o povo pelo novo êxodo que é sua morte e ressurreição. Ele viu a grande multidão que vinha atrás de novos sinais de vida e esperança e logo pergunta: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer? ”. Para os discípulos a resposta era comprar pão: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. Para Jesus a resposta não era comprar pão, para resolver o problema da fome da multidão era preciso uma nova prática: a partilha. Aí a descoberta: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente? ”. Num gesto da Eucaristia e através da organização do povo em pequenos grupos, Jesus faz a partilha e assim aconteceu o milagre da multiplicação dos pães. A soma doa cinco pães e os dois peixes – sete – significa totalidade, pois o pouco partilhado se torna abundância para todos. É como o profeta Eliseu na primeira leitura que recebeu 20 pães como oferta e ofereceu o mesmo pão para cem pessoas para saciar a fome.
Os cinco pães e os dois peixes então se tornam sinais da partilha e da vida crista. O Evangelho então nos indica dois caminhos para a vivencia da nossa identidade cristã através dos sinais do peixe e do pão. O peixe se torna o sinal do batismo e daquele que proclama a fé e o pão, o sinal do cristão que vive a partilha.
Trazendo isto para os dias de hoje e a nossa realidade, podemos olhar para a importância do peixe em nossa vida. O peixe para o povo da Amazônia não é somente fonte de alimentação, mas também sinal da nossa cultura. Existe a lenda do boto, o medo da piranha, o mistério do peixe boi, o fascínio do pirarucu e a delícia do tambaque e do tucunaré. Como o peixe nos identifica como povo da Amazônia e nós da Amazônia nos identificamos com o peixe, nós como cristãos precisamos ser identificados pela fé que recebemos no batismo e também nos identificar com Cristo. É Jesus que se torna fonte da nossa alimentação com o pão partilhado e a partilha é sinal da nossa identidade como irmãos e irmãs na fé.
Então, a partilha não pode ser como se fosse uma lenda da nossa imaginação. Não podemos ser indiferentes às necessidades dos outros, é preciso que cada um faça a sua parte e realizar gestos concretos no dia a dia. A mesquinhez, o egoísmo e a indiferença têm medo da partilha, pois a partilha é uma força que vence o medo e a indiferença. É preciso viver o mistério da comunhão e este mistério nós celebramos na Eucaristia. O pão partilhado na Eucaristia nos alimenta para viver a solidariedade entre nós. A partilha também nos fascina pois é por ela que vivemos o verdadeiro milagre do amor. E se vivemos a partilha como parte da nossa própria identidade, então a vida em comunidade se torna uma delícia pela vivência do amor e do compromisso cristão.
Por tudo isso, a partilha se torna sinal do nosso compromisso de fraternidade e solidariedade e nos identifica como cristãos. É claro que no mundo existe muita fome e falta de justiça. Podemos nos desculpar de nossa responsabilidade, mas como cristãos precisamos ser sinais da presença de Jesus entre nós. Os dois símbolos da liturgia de hoje, peixe e pão, sejam também os sinais da nossa identidade crista: pelo batismo que sejamos capazes de viver a partilha e que a partilha seja um verdadeiro sinal daquilo que celebramos na Eucaristia.
Frei Gregório Joeright, ofm

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