Cor: Verde
1ª Leitura - Jr 23,1-6
Salmo - Sl 22,1-3a.3b-4.5.6 (R. 1.6a)
2ª Leitura - Ef 2,13-18
Evangelho - Mc 6,30-34
REFLEXÃO
Uma das atitudes fundamentais para o cristão é a compaixão. O que significa compaixão? Existe uma obra de arte muito antiga que mostra São Francisco de Assis abraçando Jesus crucificado. Jesus está na cruz, São Francisco com seus braços envoltos em Jesus e Jesus olhando para São Francisco. O que esta imagem nos diz? Podemos perceber duas atitudes de São Francisco. O primeiro é que ele se identifica com Jesus na cruz. Sua identificação chega a tal ponto que Francisco recebeu os estigmas de Jesus crucificado. A segunda atitude é de compaixão. Compaixão é se colocar no lugar do outro, imaginar que aquilo que o outro está sentindo e passando como se fosse comigo. É olhar os outros envolvidos em sofrimento e sofrer com eles, ou, praticar a compaixão é viver o problema do outro e fazer tudo possível por esta pessoa. O olhar de São Francisco é de compaixão, pois como Jesus, Francisco se colocava no lugar dos outros e sentia o sofrimento dos outros como se fosse o seu próprio sofrimento.
No Evangelho de hoje, Jesus e os seus discípulos foram para um lugar deserto para descansar, pois eles tinham saído em missão e, como escutamos no evangelho da semana passada, voltaram contando tudo que tinha acontecido. Era preciso sair, pois havia tanta gente chegando e saindo que não tinham nem tempo para comer. Foram sozinhos, mas o povo percebeu e foi atrás, e ao desembarcar, “Jesus viu a grande multidão e teve compaixão, pois eram como ovelhas sem pastor”. A palavra compaixão é fundamental nesta passagem do evangelho, pois Jesus assumiu a dor e o sofrimento deste povo e deixou de pensar nas suas próprias necessidades e dos discípulos, neste caso descansar e comer. Ele se torna o pastor que manifesta a compaixão.
A imagem do pastor e do rebanho fazia parte da cultura e da vida do povo. Na leitura do profeta Jeremias, o profeta critica os pastores do povo, pois não cuidava do rebanho, pelo contrario olhavam somente para si e suas próprias necessidades. Jeremias diz que vai suscitar novos pastores para apascentar o rebanho, em outras palavras, cuidar dos que sofrem e viver a compaixão.
Quais são os pastores de hoje? Pastores são todas as pessoas que têm responsabilidades na família, na escola, na catequese, nas pastorais, na sociedade. Todos somos chamados a reproduzir em nós os traços de Jesus, o bom Pastor. Jesus tem compaixão e acolhe as pessoas, revelando o amor e a misericórdia de Deus.
Jesus não somente mostra o que significa ser pastor, mas também que é importante cultivar a compaixão. Podemos dizer então que ser cristão é ter compaixão. À imagem de Cristo, devemos agir com misericórdia e compaixão diante dos sofrimentos dos outros.
Como ter compaixão?
- Primeiro é preciso nos identificar com os outros, e isto é uma decisão que vem do coração, não pensar só em nós, mas ter a capacidade de olhar para os outros e ver o seu sofrimento. Identificar-nos com os outros significa conhecer a realidade do outro. Se nós não nos identificamos com o outro, podemos estar do lado de uma pessoa todos os dias sem conhecer a sua realidade – aquilo que passa, pensa e sofre.
- Segundo, é necessário sentir com o outro. É muito fácil julgar, dizer que o outro deve fazer isso ou aquilo, mas para ter compaixão é preciso caminhar com o outro. Pensar, se fosse eu, passando por esta situação, quais seriam meus sentimentos?
- Lembrar que Jesus assumiu nossa dor e sofrimento, é Ele o grande exemplo, o pastor que teve compaixão do seu povo e de cada um de nós. Para ter compaixão é preciso imitar Jesus.
A imagem de Francisco de Assis abraçado com Jesus na cruz e Jesus olhando para Francisco com compaixão, deve nos ajudar a compreender e viver a compaixão. Ter compaixão é o caminho para viver o amor e a vivencia do amor é o caminho para a realização da vontade de Deus e seu projeto – o Reino. Lembramos então o salmo: “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes, ele que me leva a descansar e para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças”. Que todos sejamos este bom pastor, vivendo a compaixão por todos os nossos irmãos e irmãs.
Frei Gregório Joeright, ofm