sábado, 5 de março de 2016

4º Domingo da Quaresma


4º DOMINGO DA QUARESMA





Cor Litúrgica: Roxo/Rosa
Liturgia da Palavra

1ª Leitura - Js 5,9a.10-12
Salmo - Sl 33,2-3.4-5.6-7 (R.9a)
2ª Leitura - 2Cor 5,17-21
Evangelho - Lc 15,1-3.11-32


Reflexão

Todos nós temos o nosso ponto de vista e é do nosso ponto de vista que enxergamos as coisas, interpretamos os acontecimentos e nos relacionamos com os outros. É também o nosso ponto de vista que nos leva a ter atitudes e enfim agir. Por exemplo, se encontramos um mendigo na rua, a gente pode pensar: ele é um preguiçoso e não merece nossa atenção e nem nossa ajuda. Não pensamos na situação dele, não conhecemos a sua realidade e por isso não compreendemos e nem podemos olhar do ponto de vista dele. Assim, sem conhecer, já julgamos. Mas, talvez ele é um mendigo e não trabalha porque sofreu um acidente ou porque nunca teve a oportunidade de estudar e, por isso, nunca conseguiu um emprego. Pode ter muitas situações que o levou a ser mendigo na rua. Mas nós, sem conhecer, nunca vamos estender a mão a ele, pois do nosso ponto de vista ele não merece nossa ajuda. 
Do outro lado, podemos também alargar nosso ponto de vista e procurar olhar para o outro com compaixão. Entendemos a sua situação e, em vez de julgar, procuramos ajudá-lo em suas necessidades. Então, nosso ponto de vista pode nos levar a agir de acordo com nosso interesse ou com compaixão; podemos nos vingar dos outros ou agir com misericórdia; podemos ser egoístas ou viver a partilha; o ódio ou o amor; o orgulho ou a humildade. 
No evangelho de hoje, há três personagens: o Pai, o filho mais novo e o filho mais velho. Cada um agiu de acordo com seu ponto de vista:
O filho mais novo era egoísta: "quero que me dê o que é meu".
O filho mais velho procurava seu interesse pessoal: "nunca me deu nenhum cabrito para eu celebrar com meus amigos".
O pai, pelo contrário, agiu com misericórdia e compaixão: "É preciso festejar, este seu irmão estava morto e tornou a viver, perdido e foi achado".
Perguntamos então, qual a grande mensagem deste evangelho? É bem no início: Os cobradores de impostas e pecadores aproximavam de Jesus para o escutar, mas enquanto isto, os mestres da lei e os fariseus criticavam: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. Do ponto de vista deles, Jesus deve ser condenado. 
Mas, Jesus tem um outro ponto de vista. Ele quer revelar, a partir da parábola do filho pródigo, o verdadeiro rosto do Pai que age com misericórdia e compaixão. Quer dizer, do ponto de vista do Pai, não deve olhar o pecado mas o pecador que precisa de misericórdia e compaixão. É justamente a partir deste ponto de vista da misericórdia e compaixão que o filho mais novo chegou a compreensão que era preciso voltar a casa do Pai para pedir perdão: “Pai pequei contra Deus e contra ti".
Mas, do outro lado, o filho mais velho não podia compreender que era preciso acolher o filho mais novo e nem se alegrou com o retorno do irmão arrependido. Ele, como os fariseus e escribas, se torna exemplo daqueles que não agem com misericórdia e nem olham para os outros com compaixão, agem simplesmente a partir das suas próprias ideias e preconceitos, do seu ponto de vista interesseiro. 
Então para nós, como cristãos seguidores de Jesus, é preciso descobrir a mensagem deste evangelho para nossa prática no dia-a-dia, pois é necessário não só escutar mas também viver a mensagem de Jesus. Este evangelho é um grande desafio, pois a partir da parábola do filho perdido, nosso ponto de vista deve mudar: em vez do egoísmo, viver a partilha; em vez do julgamento dos outros, ter o olhar da compaixão; em vez de odiar os outros, devemos amar; no lugar da vingança, viver a misericórdia. Devemos ter o mesmo ponto de vista de Jesus que revela o rosto do Pai, o de misericórdia e compaixão. 
Neste tempo de quaresma em que também celebramos a Campanha da Fraternidade, esta mensagem é muito importante. A Campanha nos alerta que do ponto de vista da nossa “Casa Comum”, que está sofrendo a destruição pelos interesses egoístas da humanidade. Como olhamos para esta nossa casa comum? Simplesmente pensamos que a criação precisa servir nossos interesses, ou procuramos olhar do ponto de vista da misericórdia, isto é, do respeito à vida de todas as criaturas? O esgoto da nossa casa vai para a rua ou consideramos o bem de todos e fazemos um sumidouro para a agua não ir para a rua. Cuidamos do nosso lixo ou jogamos na rua de qualquer jeito, sem nem pensar na hora da coleta, ou pior, nos terrenos baldios onde os riscos da contaminação e a proliferação do mosquito da dengue são grandes. É Jesus que nos ensina sempre a olhar para os outros, não do nosso ponto de vista, mas com misericórdia e compaixão. O papa Francisco também nos convida neste Ano da Misericórdia a mudar nosso ponto de vista, pois como cristãos, é preciso viver a compaixão e praticar a misericórdia. 
Frei Gregório Joeright, ofm

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