1ª Leitura - At 10,34a.37-43
Salmo - Sl 117,1-2.16ab-17.22-23 (R.24)
2ª Leitura - Cl 3,1-4
Evangelho - Jo 20,1-9
Reflexão
Nós somos cercados por sinais. Todos os dias usamos sinais para ajudar na comunicação e nos nossos afazeres. Um sinal de transito por exemplo serve para nos orientar nas estradas, para não errar o caminho e nem correr o risco de um acidente. Usamos sinais com nossas mãos para comunicar algo para as pessoas e dizer o que precisamos ou expressar um sentimento. Na Bíblia, também os sinais são importantes, pois indicam que Deus está realizando algo que não é percebido por quem não faz a experiência de fé e amor. Os sinais de Deus não são provas lógicas ou argumentos mas apontam para uma nova realidade para quem tem fé e vive o amor.
No evangelho de hoje, o discípulo amado correu mais depressa que Pedro, depois entrou no túmulo, viu e acreditou. O que ele viu? A pedra retirada, o túmulo vázio e os panos enrolados a parte. São sinais!
Vamos olhar então para o início deste evangelho. Foi Maria Madalena que foi primeiro ao túmulo. Ela representa toda a comunidade que não podia acreditar, pois diante da ausência do corpo de Jesus, ela diz: “Tiraram o Senhor Jesus e sabemos onde o colocaram”. Ela procura uma explicação para o sinal do sepulcro vazio e só podia pensar que alguém tirou o corpo de Jesus do sepulcro. Além de sair de madrugada no escuro, ela continuou no escuro depois de chegar ao túmulo. Ela não compreendia os sinais.
Podemos lembrar os acontecimentos e por aquilo que a comunidade passou:
• Os discípulos eram pessoas que seguiram Jesus, acreditavam na sua palavra e nos seus sinais, apostaram no seu projeto, por isso eram capazes de deixar tudo.
• Participaram da ceia quando Jesus repartiu o pão e passou o cálice, lavou os pés, mostrou o caminho do amor pelo sinal da partilha. Foram tocados pelo ensinamento do amor e da promessa do Espírito Santo.
• Mas também viram Jesus condenado e testemunharam a sua morte na cruz. Não só a morte de alguém que eles amavam, mas o fim do projeto de esperança, da possibilidade da libertação, da realização das promessas de Deus. Parecia que o sinal da vida era vencido pelo sinal da morte.
Diante disto, foi o discípulo que correu mais depressa, entrou no túmulo, viu e acreditou. Foi o discípulo que Jesus amava e foi justamente o amor que o fez correr mais depressa. Então ele representa a comunidade que não compreende mas ao mesmo tempo é capaz de acreditar que o amor é mais forte que a morte. A explicação para o sepulcro vazio é justamente a vitória da vida.
Então Jesus não estava ausente, ele ressuscitou e seu projeto de amor venceu. Os sinais da ressurreição são justamente os sinais de fé e amor:
• Foi a fé e o amor que venceram o poder romano que condenou Jesus a morte, o amor é mais forte que a violência
• A fé e o amor venceram os fariseus que não podiam acreditar na superação da Lei.
• A fé e o amor venceram a sociedade que exclui os pobres, os aleijados e leprosos, pois em Jesus todos têm esperança de vida nova.
Foram estes os sinais do amor que o discípulo viu e por isso acreditou. Assim a comunidade testemunhou e começou a pregar, a viver o projeto que Jesus anunciava e viver os sinais da ressurreição. Para eles o primeiro dia da semana era mais do que simplesmente o domingo, era o início de uma nova criação.
Para nós, acreditar na ressurreição não é simplesmente superar as dúvidas da fé, mas manifestar os sinais da ressurreição. O maior sinal da ressurreição é o amor:
• O amor que vence a sociedade violenta que nos cerca e que é sinal da paz e da solidariedade.
• O amor que vence as desigualdades sociais, a miséria e a pobreza e que é sinal da partilha.
• O amor que vence a destruição da vida e da criação. É capaz de respeitar toda a vida e promover ações de justiça e fraternidade, sendo sinal de cuidado com nossa “Casa Comum”.
Enfim, é o amor que vence a morte e a fé que vence as duvidas.
Como cristãos hoje, não podemos ficar no escuro, pois enxergamos a luz do dia raiar e este dia é o primeiro da semana, o dia de uma nova criação, possível pela vivência da fé e do amor. Por isso podemos cantar: “Este é o dia que o Senhor fez para nós:/ alegremo-nos e nele exultemos”.
Frei Gregório Joeright, ofm