Cor: Verde
1ª Leitura - Dn 12,1-3
Salmo - Sl 15,5.8.9-10.11 (R.1a)
2ª Leitura - Hb 10,11-14.18
Evangelho - Mc 13,24-32
REFLEXÃO
Estamos no fim do ano litúrgico, semana que vem é a festa do Cristo Rei do universo e depois o primeiro domingo do Advento. A liturgia deste domingo então nos fala sobre os fins do tempo.
O sol vai escurecer, a lua não brilhará mais. Jesus fala sobre o que vai acontecer depois da grande tribulação. O que foi esta grande tribulação? Lembramos que São Marcos escreveu seu Evangelho para os primeiros cristãos da segunda geração. Não tinham visto, nem conhecido Jesus. Aderiram à fé por causa do testemunho dos apóstolos, abraçaram a causa de Jesus, mas enfrentaram grandes dificuldades, começaram a desanimar e até querer desistir. A grande tribulação foi justamente a destruição do Templo de Jerusalém pelos Romanos. Este acontecimento abalou não somente os judeus, mas também a comunidade cristã.
Então Marcos projeta para o futuro aquilo que já estava acontecendo. Porque ele fez isto? Uma razão é para dar sentido aos acontecimentos. Assim procura responder as perguntas: Porque isto está acontecendo? Por acaso ou tem alguma explicação? Como devemos agir diante dos acontecimentos? Tem esperança?
E justamente, o sentido que dá, é que no seguimento de Jesus e sua palavra que o cristão pode enfrentar as dificuldades e vencer o mal: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”.
É Jesus então que revela para nós o sentido da nossa existência. Ele é o sumo sacerdote que ofereceu o sacrifício único pelos pecados. Este sacrifício levou à perfeição definitiva, nos prepara também para a batalha contra o mal. Por isso, por causa da fé e pelo seguimento de Jesus, os justos brilharão como estrelas por toda a eternidade. É a nossa esperança, a certeza que no compromisso cristão e na fidelidade à palavra é que podemos enfrentar as dificuldades na vida e até construir o novo.
Diante dos acontecimentos de ontem em França, dos atos de terrorismo e do desrespeito à vida, podemos refletir ainda mais sobre o sentido das palavras de Jesus quando ele fala que depois da grande tribulação o sol vai escurecer e a lua não brilhará mais. E podemos lembrar não somente os atos de terrorismo, existe também notícias de mudanças no clima com grandes tempestades, migrações em massa, grandes guerras, corrupção, desespero e fome. Muitos começam a dizer que o fim do mundo está próximo, ficamos abalados e começamos a temer as coisas do futuro. Como na vida dos primeiros cristãos que enfrentavam grandes tribulações, nós também precisamos buscar o sentido da nossa existência e a importância da nossa fé.
Para isto, a primeira coisa é reconhecer que a pessoa de Jesus e a sua palavra são para nós uma grande esperança, como também eram para os primeiros cristãos. Continuam nos oferecendo o caminho que devemos seguir e aquilo que devemos esperar. Por isso, devemos sempre lembrar:
Nossa fé não se baseia no medo e nem no castigo, tem muita gente que quer nos meter o medo, falando do apocalipse e do castigo eterno, até nos engando para conseguir mais adeptos para sua própria igreja. Nossa fé se baseia na vivência do amor e da partilha, quem vive isto não terá medo do fim do mundo e nem do castigo.
A palavra de Jesus não passa, é preciso ouvir esta palavra, meditar e orientar nossa vida por ela. Bendito seja quem a vive pois nunca perderá a esperança.
Nós sempre enfrentamos muitas dificuldades, na vida – doença, sofrimentos, preocupações. Na sociedade, conflitos, violência, destruição da vida. É neste momento de grandes tribulações que podemos aumentar a nossa esperança e confirmar nosso compromisso de cristãos. O sentido da liturgia de hoje é justamente isto. As dificuldades e sofrimentos sempre vão existir, mas é momento do sofrimento que posso escolher o caminho de Jesus e viver a esperança do Reino. Então preciso perguntar: qual é a minha atuação como cristão? Sou eu alguém que procura contribuir para que muitos cheguem mais facilmente a Deus, ou, por meu agir, contribuo para que reine no mundo a injustiça, a maldade, o erro?
Como cristãos queremos construir o Reino, pois na vivência dos valores deste Reino que podemos descobrir o sentido da vida e o verdadeiro compromisso cristão, sempre guiados pelas palavras e pela vida de Jesus, nossa única e verdadeira esperança.
Frei Gregório Joeright. ofm