quarta-feira, 28 de setembro de 2016

MENSAGEM DA CNBB PARA AS ELEIÇÕES 2016


“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24)

Neste ano de eleições municipais, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB dirige ao povo brasileiro uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. Os cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a dar a razão de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) nesse tempo de profunda crise pela qual passa o Brasil.
Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos. Só com participação cidadã de todos os brasileiros e brasileiras é possível a realização desse sonho. Esta participação democrática começa no município onde cada pessoa mora e constrói sua rede de relações. Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios. As eleições são um dos caminhos para atingirmos essa meta.
A política, do ponto de vista ético, “é o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre indivíduos, grupos, nações que ofereçam condições para a realização do bem comum”. Já do ponto de vista da organização, a política é o exercício do poder e o esforço por conquistá-lo1, a fim de que seja exercido na perspectiva do serviço.
Os cristãos leigos e leigas não podem “abdicar da participação na política” (Christifideles Laici, 42). A eles cabe, de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir o bem comum na perspectiva do Reino de Deus. Contribui para isso a participação consciente no processo eleitoral, escolhendo e votando em candidatos honestos e competentes. Associando fé e vida, a cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos.
As eleições municipais têm uma atração e uma força próprias pela proximidade dos candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso desperta mais interesse e facilita as relações, por outro, pode levar a práticas condenáveis como a compra e venda de votos, a divisão de famílias e da comunidade. Na política, é fundamental respeitar as diferenças e não fazer delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência de qualquer ordem.
Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo distinguir claramente as funções para as quais se candidatam. Dos prefeitos, no poder executivo, espera-se “conduta ética nas ações públicas, nos contratos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes econômicos”2. Dos legisladores, os vereadores, requer-se “uma ação correta de fiscalização e legislação que não passe por uma simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao executivo”3.
É fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta moral e ética e, se já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na apresentação e votação de matérias e leis a favor do bem comum. A Lei da Ficha Limpa há de ser, neste caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar candidatos de ficha suja.
Uma boa maneira de conhecer os candidatos e suas propostas é promover debates com os concorrentes. Em muitos casos cabe propor lhes a assinatura de cartas-compromisso em relação a alguma causa relevante para a comunidade como, por exemplo, a defesa do direito de crianças e adolescentes. Pode ser inovador e eficaz elaborar projetos de lei, com a ajuda de assessores, e solicitar a adesão de candidatos no sentido de aprovar os projetos de lei tanto para o executivo quanto para o legislativo.
É preciso estar atento aos custos das campanhas. O gasto exorbitante, além de afrontar os mais pobres, contradiz o compromisso com a sobriedade e a simplicidade que deveria ser assumido por candidatos e partidos. Cabe aos eleitores observar as fontes de arrecadação dos candidatos, bem como sua prestação de contas. A lei que proíbe o financiamento de campanha por empresas, aplicada pela primeira vez nessas eleições, é um dos passos que permitem devolver ao povo o protagonismo eleitoral, submetido antes ao poder econômico. Além disso, estanca uma das veias mais eficazes de corrupção, como atestam os escândalos noticiados pela imprensa. Da mesma forma, é preciso combater sistematicamente a vergonhosa prática de “Caixa 2”, tão comum nas campanhas eleitorais.
A compra e venda de votos e o uso da máquina administrativa nas campanhas constituem crime eleitoral que atenta contra a honra do eleitor e contra a cidadania. Exortamos os eleitores a fiscalizarem os candidatos e, constatando esse ato de corrupção, a denunciarem os envolvidos ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral, conforme prevê a Lei 9840, uma conquista da mobilização popular há quase duas décadas.
A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos. No discernimento dos melhores candidatos, tenha-se em conta seu compromisso com a vida, com a justiça, com a ética, com a transparência, com o fim da corrupção, além de seu testemunho na comunidade de fé. Promova-se a renovação de candidaturas, pondo fim ao carreirismo político. Por isso, exortamos as comunidades a aprofundarem seu conhecimento sobre a vida política de seu município e do país, fazendo sempre a opção por aqueles que se proponham a governar a partir dos pobres, não se rendendo à lógica da economia de mercado cujo centro é o lucro e não a pessoa.
Após as eleições, é importante a comunidade se organizar para acompanhar os mandatos dos eleitos. Os cristãos leigos e leigas, inspirados na fé que vem do Evangelho, devem se preparar para assumir, de acordo com sua vocação, competência e capacitação, serviços nos Conselhos de participação popular, como o da Educação, Saúde, Criança e Adolescente, Juventude, Assistência Social etc. Devem, igualmente, acompanhar as reuniões das Câmaras Municipais onde se votam projetos e leis para o município. Estejam atentos à elaboração e implementação de políticas públicas que atendam especialmente às populações mais vulneráveis como crianças, jovens, idosos, migrantes, indígenas, quilombolas e os pobres.
Confiamos que nossas comunidades saberão se organizar para tornar as eleições municipais ocasião de fortalecimento da democracia que deve ser cada vez mais participativa. Nosso horizonte seja sempre a construção do bem comum.
Que Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira dos brasileiros, nos acompanhe e auxilie no exercício de nossa cidadania a favor do Brasil e de nossos municípios, onde começa a democracia.
Aparecida - SP, 13 de abril de 2016
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB


terça-feira, 27 de setembro de 2016

RITO DE ENTRADA NO CATECUMENATO - SÃO SEBASTIÃO


Neste último domingo (25∕09) os jovens da Iniciação à Vida Cristã da Paróquia de São Sebastião, participaram de mais um rito no Itinerário da Catequese. A entrada no Catecumenato é um dos pontos altos da caminhada, a partir de agora, nossos jovens aprofundarão a pessoa de Jesus e o seu projeto. Os jovens foram assinalados pelo Frei e pelos Catequistas com o sinal da cruz, na testa, ouvidos, olhos e boca. Ao receber o sinal, recebem a própria pessoa de Jesus e seu Evangelho. Que o Senhor sustente o caminho dos nossos jovens. E aos nossos catequistas nosso muito obrigado pela dedicação. 
Fotos: Rute Mota e Beliana Azevedo









sábado, 24 de setembro de 2016

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Cor: Verde

1ª Leitura - Am 6,1a.4-7
Salmo - Sl 145,7.8-9a.9bc-10 (R.1)
2ª Leitura - 1Tm 6,11-16
Evangelho - Lc 16,19-31
Reflexão 
"Nós todos temos nossos preconceitos. Preconceito é uma ideia, pensamento ou conceito de alguma coisa ou de alguém antes de conhecer. Por causa do preconceito, fazemos julgamentos sem conhecimento, baseados na opinião de outras pessoas ou da cor da pessoa, raça ou lugar de nascimento. Preconceito leva a discriminação e distinção entre as pessoas, assim criando divisão, ódio e violência. Todos nós temos preconceito, é difícil escapar, pois muitas vezes nos nossos pensamentos e ações, fazemos julgamentos e distinções entre as pessoas. Mas algo não tem preconceito: é a morte.  A morte abraça a cada um independente da raça, cor, rico ou pobre, jovem, velho, homem, mulher. Não faz distinção entre as pessoas.
É justamente sobre este fato que a morte age sem preconceito, é que podemos refletir sobre o Evangelho de hoje. A parábola do rico e de Lázaro tem duas cenas: primeiro o rico com seus banquetes diários sem nenhuma preocupação com os outros, e o pobre Lázaro, cheio de feridas, morrendo de fome na porta do rico e desejando simplesmente comer das migalhas que caem da mesa. Existe um grande abismo entre os dois, criado pelo preconceito e, portanto, pela discriminação entre ricos e pobres. No pensamento da época, havia um abismo entre abençoados e amaldiçoados, puros e impuros. O rico era abençoado e Lázaro o amaldiçoado por sua condição de pobre.   
A segunda cena é depois da morte, quando Lázaro está do lado de Abraão e o rico sofrendo os tormentos do inferno. Agora é o rico que pede ajuda do Lázaro para molhar o dedo para refrescar a língua. Mas Abraão responde que não tem como fazer isso, por causa do grande abismo. De onde veio este abismo? Com certeza existia antes da morte por causa do preconceito, da ganância e do egoísmo.
Podemos dizer também que este abismo não existia só no tempo de Jesus, mas é uma realidade hoje. As diferenças sociais criam o abismo do preconceito onde os pobres e marginalizados são condenados ao sofrimento e a miséria. São os abismos das periferias, tanto geográficas como existenciais. Diante de tal situação o que seria a atitude cristã e os valores cristãos que devemos praticar. Podemos dizer que a lição desta parábola é também o mesmo ensinamento de Jesus que escutamos semana passada: “Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro”. Ou podemos lembrar como Abraão falava que bastava escutar os profetas. Na primeira leitura, temos as palavras do profeta Amós – ai dos que vivem despreocupados com a ruína do povo. Dormem em camas de marfim, fazem festas e banquetes baseados na exploração do povo e viram as costas para aqueles que sofrem.
A liturgia de hoje não é uma lição para ficar com medo do inferno, mas quer nos alertar para o abismo que existe na sociedade por causa do preconceito e da ganância, pela falta de compaixão e pela omissão na vivência dos valores evangélicos. Podemos citar ainda as palavras do Papa Francisco quando ele fala da globalização da indiferença. Ficamos alheios ao sofrimento dos outros e esta insensibilidade tende a aumentar o abismo que existe entre as pessoas no mundo de hoje. As leituras de hoje devem fazer brotar em nós o desejo de combater a desigualdade social pela partilha e solidariedade. Com certeza, este é o caminho de Jesus e, portanto, nosso.
Lembramos que a morte não tem preconceito, abraça todos do mesmo jeito. Medo da morte não, mas devemos ter temor, pois é o temor que nos abre para a escuta dos profetas e o ensinamento de Jesus. É este caminho que nos dá a possibilidade de participar da ressurreição onde não há abismos, mas onde todos viverão na igualdade."
Frei Gregório Joeright, ofm

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

TRÍDUO SOCIAL - REGIÃO 1

Nos dias 20 e 21 de setembro, a Região 1 de Pastoral, realizou as duas primeiras noites do Tríduo Social, no Centro Paroquial de São Sebastião. Este encontro é uma preparação para o Congresso em Defesa da Vida que será realizado em novembro pela Pastoral Social. A proposta é que a partir dos Tríduos realizados em todas as regiões diocesanas a Pastoral Social consiga produzir um retrato das realidades que mais preocupam em nossa diocese. Na primeira noite a reflexão foi conduzida por Servito Batista acerca do cuidado sobre a nossa casa comum. Na segunda noite a Professa Eden conduziu as reflexões sobre a diversidade cultural e ambiental da amazônia. E uma terceira noite foi agendada para o dia 11 de outubro.









segunda-feira, 19 de setembro de 2016

RITO DE ENTRADA NO CATECUMENATO


Neste último domingo (18∕09) os jovens da Iniciação à Vida Cristã da Paróquia do Santíssimo Sacramento, participaram de mais um rito no Itinerário da Catequese. A entrada no Catecumenato é um dos pontos altos da caminhada, a partir de agora, nossos jovens aprofundarão a pessoa de Jesus e o seu projeto. Que o Senhor sustente o caminho dos nossos jovens. E aos nossos catequistas nosso muito obrigado pela dedicação. 
Fotos: Antônia Torres e Servito Batista









segunda-feira, 12 de setembro de 2016

ABERTURA DA SEMANA DIOCESANA DO DÍZIMO - ÁREA SÃO SEBASTIÃO SANTÍSSIMO


Neste último domingo, a Área São Sebastião-Santíssimo celebrou a abertura da Semana Diocesana do Dízimo, que neste ano tem o tema: "Dízimo: A partilha qu nasce de um coração misericordioso". Em São Sebastião na missa das 8h e no Santíssimo as 17h30. As visitas já estavam acontecendo em nossa área desde o dia 29 de agosto, convidando justamente para este momento e divulgando a Semana. Como gesto concreto as famílias trouxeram um material de higiene pessoal que será ofertado para o Asilo São Vicente de Paula. Após a missa, foi realizada uma deliciosa partilha. A participação da comunidade foi muito grande, o que para nós é motivo de alegria. 
A semana segue até o dia 18 de setembro! Você que já faz a experiência da Partilha por meio do Dízimo, nosso muito obrigado! Você que ainda não fez essa opção, procure-nos, venha contribuir com a sua comunidade e ajudar na missão evangelizadora da Igreja! Que nossos gestos de partilha e de misericórdia sejam sinais do Reino de Deus no meio do mundo!








sábado, 10 de setembro de 2016

24º DOMINGO Tempo Comum

Cor: Verde
1ª Leitura - Ex 32,7-11.13-14
Salmo - Sl 50, 3-4.12-13.17.19 (R. Lc 15,18)
2ª Leitura - 1Tm 1,12-17
Evangelho - Lc 15,1-32
Reflexão 
O sofrimento faz parte da nossa vida e tem vários tipos de sofrimento. Há o sofrimento físico, causando pela dor e doença; o sofrimento emocional, causado pelas perdas, pela infidelidade ou crueldade das pessoas ou pela magoa, rancor e tristeza; o sofrimento espiritual, causado pela falta de sentido na vida. As leituras da liturgia de hoje mostram os vários tipos de sofrimento.
Primeiro, o sofrimento de Deus, causado pela infidelidade do seu povo que, apesar de ter recebido inúmeros favores de Deus na libertação da Egito, se afastou do caminho da aliança, construiu um bezerro de ouro e adorou outros deuses. O sofrimento de Paulo que tinha colocado como sentido da vida dele a prática da Lei, e, por isso, blasfemava, insultava, perseguia e agia com ignorância de quem não tem fé. Jesus sofria pela incompreensão dos fariseus e mestres da Lei que criticava Jesus, dizendo: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. O sofrimento do pastor e da mulher que perderam uma ovelha e uma moeda e ficaram angustiados até encontrar. O sofrimento do pai que viu seu filho mais novo levar a herança e partiu para uma terra distante e o filho mais velho recusar de receber o irmão de volta. O sofrimento do filho mais novo que queria a sua liberdade, caiu no pecado e erro e depois passou fome querendo comer o que davam aos porcos.  
Ninguém quer sofrer e, por isso, há hoje uma grande indústria para resistir ao sofrimento, simbolizado pela ganancia e pelo fascínio dos bens materiais, pela cultura do corpo e do bem-estar e pela plena confiança na tecnologia para resolver todos os problemas. Mas, diante do sofrimento, há um outro caminho. Caminhar em solidariedade com o sofrimento dos outros e até, do nosso próprio sofrimento. Mas este outro caminho exige duas coisas: coragem que significa a ação do coração e misericórdia que significa o coração que abraça a miséria do outro. De fato, exige coragem e misericórdia para caminhar em solidariedade com o sofrimento dos outros. 
Foi com coragem que Moisés suplicava ao Senhor lembrando da aliança firmada com Abraão e Isaac e do poder da sua mão forte que fez o povo sair da escravidão. Deus agiu com misericórdia quando desistiu do mal que ameaçava fazer. Foi com coragem que Paulo reconheceu o seu pecado e sua ignorância pela falta de fé, encontrando a misericórdia de Deus que fez dele um modelo para todos aqueles que creem em Jesus para alcançar a vida eterna. Foi com coragem que Jesus não desistiu da sua missão quando acolheu os pecadores e mostrou a misericórdia de Deus através das suas parábolas. Foi com coragem que o filho reconheceu seu pecado e lembrou da casa do Pai na certeza que ia encontrar não somente pão para saciar a fome, mas também o perdão e a misericórdia. 
Tudo isso pode ser resumido no Pai da parábola do filho prodigo. Ele foi capaz de caminhar em solidariedade com o sofrimento dos outros. Primeiro, ele respeitou a liberdade do filho mais novo que saiu com a herança para uma terra distante. Nunca desistiu de esperar o retorno do filho e quando o avistou, correu ao seu encontro. Foi com coragem que ele abraçou o filho e o beijou, nem deixou que o filho pedisse perdão, mas agiu com misericórdia e mandou fazer a festa para se alegrar pela volta do filho que estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado. Foi com coragem que o Pai saiu ao encontro do filho mais velho que recusou a participar da festa, pedindo que ele também reconhecesse o sentido da misericórdia e se alegrasse com a volta do irmão mais novo. 
Nesta parábola temos a imagem de Deus nosso Pai que age pelo coração quando abraça a nossa miséria de pecadores. É esta coragem e misericórdia que também nos incentiva a reconhecer a nossa própria miséria e encontrar a misericórdia que Deus nos oferece. Que nós também tenhamos coragem para praticarmos a misericórdia e caminhar em solidariedade com o sofrimento dos outros.
Frei Gregório Joeright, ofm