Reflexão
Hoje celebramos o mistério da Santíssimo Trindade, festa em que recordamos a nossa fé em um só Deus, mas são três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Não só recordamos o que acreditamos, mas ao mesmo tempo, celebramos esta nossa fé, pois iniciamos a nossa celebração em nome da Santíssima Trindade.
Quando falamos de um mistério pensamos naquilo que é fora do nosso conhecimento, aquilo que não compreendemos. Tem mistérios que podemos compreender quando são revelados. Por exemplo, se perdemos a chave de casa, ficamos perguntando: será que alguém pegou, caiu quando estávamos na rua? É um mistério, mas de repente, lembramos de olhar na gaveta da cozinha e lá está - o mistério da chave perdida foi revelado. Mas, existe outros mistérios que nunca vamos compreender, ou porque nunca se revelou ou porque está fora da nossa compreensão. Um mistério não revelado pode levar ao medo, pois tememos o que não conhecemos, mas, ao mesmo tempo, um mistério pode ser motivo de contemplação.
O autor do livro de Provérbios se coloca diante do grande mistério da criação e pergunta: quem preparava os céus, fixou os mares nos seus limites, lançava os fundamentos da terra? Mistérios que não são revelados, mas somente contemplados. E quem estava presente nesta hora quando Deus criou o universo? A própria sabedoria que era como o mestre de obras. Deus e a sabedoria em perfeita comunhão no ato da criação que nos ensina sobre o amor e nos leva a contemplar: "Contemplando estes céus que plasmastes, vendo as estrelas, perguntamos: Senhor quem é o homem para dele vos lembrardes e tratardes com tanto amor."
Ou ainda no Evangelho: "Tenho muitas coisas a dizer-vos, mas não são capazes de compreender, é o Espírito da verdade que vão conduzir a plena verdade" Jesus é o próprio mistério da presença de Deus entre nós, ainda não compreendido por nós, mas contemplado por nós, pois mostra o imenso amor de um Deus que enviou o seu Filho para nos salvar pela sua morte e ressurreição.
A festa da Trindade não é apenas uma oportunidade para falar da Trindade ou tentar compreender o mistério de três pessoas num só Deus, mas é um convite para contemplar quem é o nosso Deus. É um Deus de amor que criou os homens e as mulheres para os fazer comungar nesse mistério de amor. A fé na Trindade nos leva a reconhecer a beleza e profundidade da realidade humana e que, no mistério da Trindade, há uma perfeita unidade na diversidade.
Contemplando a Trindade nos leva a reconhecer nossa união com Deus e com o próximo e aprendemos a viver a paz que significa a harmonia entre as pessoas, com a natureza e com Deus.
Ao mesmo tempo, é pela vivência da fé na Trindade que nós nos glorificamos de nossas tribulações e dificuldades. É esta atitude de esperança que produz em nós perseverança e firmeza no amor, derramado em nós pelo Espírito Santo.
A festa da Trindade é também a festa da Comunidade. As Comunidades cristãs devem ser a expressão desse Deus, que é amor, que é comunidade, vivendo numa experiência verdadeira de amor, de partilha e de perdão, pois a Trindade é a melhor das comunidades.
É também festa do Batismo porque fomos batizados em nome da Trindade e por isso precisamos ser sinais de comunhão para viver novas expressões de amor e novo ardor diante das dos desafios que a sociedade nos apresenta.
Quanto mais nos esforçamos para viver em comunhão, de partilha e de esperança num mundo tão dividido, individualista e desesperançado, melhor entendemos o Mistério da Santíssima Trindade.
Frei Gregório Joeright, ofm
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