sábado, 16 de abril de 2016

4º Domingo da Páscoa

4º DOMINGO DA PÁSCOA




Cor: Branco
Leituras
1ª Leitura - At 13,14.43-52
Salmo - Sl 99,2.3.5 (R. 3c)
2ª Leitura - Ap 7,9.14b-17
Evangelho - Jo 10,27-30
Reflexão 
Sempre é muito importante, quando fazemos a nossa reflexão da palavra de Deus, olhar também para a realidade em que vivemos com suas dificuldades, valores e desafios para nós como cristãos. Hoje em dia fala-se muito sobre o valor do indivíduo. Temos hoje uma veneração à pessoa e a satisfação pessoal onde o indivíduo fica como um valor maior diante de outros valores. Isto se torna como verdade especialmente quando consideramos que as pessoas pensam que o que importa e nada mais é a própria vontade. Existe um culto ao corpo humana, ao querer pessoal e aos desejos imediatos, e isso, em detrimento aos valores comunitários. 
É claro que a ênfase dada para o indivíduo tem seu lado negativo, mas também podemos dizer que provocou mudanças na sociedade. Nunca se falou tanto do valor e da dignidade da pessoa, e que todo ser humano deve ser respeitado nos seus direitos. Também como se tornou tão importante nos dias de hoje o desenvolvimento da pessoa, do crescimento tanto emocional como físico. É verdade, mais que a pessoa é equilibrada com liberdade, mais que pode aprender a respeitar os outros e viver o amor.
Massacrar o indivíduo, escravizar ou tirar sua dignidade não é só pecado mas tira o grande valor da democracia e da liberdade.
Jesus estava diante de uma grande multidão. No tempo dele, esta multidão era massacrada pelo poder Romano com altos impostos e do latifúndio que tirava a terra do povo que era seu único sustento. Esta situação levava ao endividamento, a servidão, a fome e as doenças. Além disto, o poder religioso, em nome de Deus, oprimia e explorava o povo. A pessoa, o indivíduo não tinha valor nenhum. Enquanto isto era a realidade vivida naquela época, Jesus se apresenta como o pastor que conhece individualmente suas ovelhas: "As ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem". Jesus então é o verdadeiro pastor, o redentor ou resgatador, não somente liberta da opressão, mas devolve ao indivíduo, a pessoa, a ovelha o seu valor e a sua dignidade. A liberdade da pessoa proposta pela sociedade é também a proposta de Jesus.
Mas tem um porém, nisto tudo tem o ladrão e o assaltante que querem arrancar a ovelha da mão de Jesus. Este ladrão hoje é justamente a sociedade que faz da pessoa humana um instrumento para seu próprio fim, em outras palavras: enquanto o valor e o direito de cada pessoa é uma conquista da sociedade atual, o exagero do individualismo onde o que conta é somente aquilo que vai satisfazer seus desejos é como o ladrão que quer arrancar do cristão o valor e o compromisso na vivência comunitária.
Escutar a voz do bom pastor é descobrir que Jesus tem uma outra proposta, justamente a realização da pessoa através da sua doação aos outros pela vivencia do amor e sua adesão à comunidade como instrumento na construção do Reino.
Mas para compreender e viver isto, é preciso coragem e ousadia no mundo de hoje. Justamente como Paulo e Barnabé que anunciaram a palavra, mas foram rejeitados e perseguidos, pois declararam "Eu te coloquei como luz para as nações para que leves a salvação até os confins da terra". 
Diante deste exemplo dos apóstolos, lembramos que hoje é o dia das orações pelas vocações. Ser chamado por Deus e responder sim a este chamado também exige coragem e ousadia. Os apóstolos são um grande exemplo e a nossa comunidade deve ser o lugar para o surgimento de vocações para o serviço do Reino de Deus. Viver a vocação é não deixar o ladrão arrancar do pastor as ovelhas para que todos possamos formar um só rebanho. 
Para seguir a voz do bom pastor e participar do único rebanho, é necessário reconhecer o valor e a dignidade de cada pessoa, mas, ao mesmo tempo, descobrir que a realização do indivíduo não está na satisfação do próprio desejo, mas na entrega da sua vida para a realização do Reino.
Frei Gregório Joeright, ofm

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