Cor: Branco
1ª Leitura - At 15,1-2.22-29
Salmo - Sl 66,2-3.5.6.8 (R. 4)
2ª Leitura - Ap 21,10-14.22-23
Evangelho - Jo 14,23-29
Reflexão
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, mas não a dou como o mundo. ” São estas as palavras de Jesus no seu discurso de despedida aos apóstolos.
Jesus quer a paz para todos, mas o que é a paz? Muitas vezes pensamos que a paz é a ausência de conflitos. Na verdade, nós não gostamos de conflitos porque nos deixam inquietos e incomodados. Mesmo assim, todos os dias enfrentamos conflitos: primeiro dentro de nós onde existe a briga entre o mal e o bem, aquilo que sei que devo fazer, mas não faço por culpa própria. Na família existe conflitos entre marido e mulher, pais e filhos e irmãos por causa de diferença de opinião ou até de ação; na escola, no trabalho na rua, estamos cercados de conflitos. Hoje, no dia do trabalhador, lembramos que este dia nasceu de um conflito entre trabalhadores e patrões a partir da exigência dos direitos trabalhistas. No mundo existe os conflitos entre nações muitas vezes por causa da religião ou de certas crenças. O conflito surge quando os interesses, desejos, pensamentos e ações são contrários, gerando tensão, brigas e desentendimentos, até a violência e guerra.
Então, o que é a paz que Jesus nos deseja diante do mundo de conflitos?
Escutando a primeira leitura, já detectamos um conflito na comunidade cristã. Uns chegaram dizendo que os cristãos não podiam se salvar sem a circuncisão e sem seguir a lei dos Judeus. Não eram do grupo dos discípulos, nem enviados por eles, mas era preciso discernir para descobrir qual era o critério que deve ser usado na missão de evangelizar. Diante disso, os apóstolos agem com discernimento. Reúnem-se em assembleia em Jerusalém e, dóceis à vontade do Espírito, mandam uma carta apresentando a solução do problema: "Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vamos impor nenhum fardo, além do indispensável..." Em outras palavras, não são necessárias aos pagãos as obrigações da circuncisão e da lei mosaica. Era preciso chegar a verdade - aceitar os pagãos sem impor a lei. O importante não era a ausência do conflito, mas, pela ação do Espírito, chegar a verdade.
Jesus nos diz vos dou a minha paz, não a paz do mundo, pois a paz de Jesus não significa a ausência do conflito, mas, pela escuta da palavra, ser a morada de Deus. Por isso, Jesus nos promete o defensor, o Espírito que vai recordar todo o seu ensinamento para chegarmos a verdade. O critério da paz não é ausência de conflito, mas ser a morada de Deus.
Nossa sociedade está cheia de conflitos e alguns defendem a paz simplesmente como ausência de conflito, o cristão não teme o conflito mas busca a verdade, com certeza diante do conflito é preciso buscar a verdade do amor.
Para nós, então, o que significa a paz?
Primeiro: Ser a morada de Deus é escutar a palavra de Jesus, criar uma nova relação entre Deus e a pessoa humana, pois a pessoa é o templo de Deus, o lugar onde Deus habita. Buscar a verdade não é impor a própria opinião, mas é respeitar o outro como morada de Deus.
Segundo: A comunidade dos fieis deve ser animada pelo Espírito, deve saber discernir, preservando o essencial e atualizando constantemente o que não é necessário, de forma que a mensagem de Jesus possa ser acolhida por todos os povos. Por isso, é preciso ter consciência da presença do Espírito Santo na Igreja de Cristo e como os apóstolos, escuta-lo, na oração e na discussão.
Finalmente, na Bíblia a paz significa alcançar os bens necessários para uma vida plena, tanto material como espiritual. Neste dia do trabalhador, não podemos esquecer que a luta dos trabalhadores é também a luta por aquilo que Jesus nos prometeu, isto é, vida e vida em abundância. Esta luta não é a ausência de conflitos, mas o desejo de construir a cidade de Deus onde a sua luz ilumina todos na busca da verdadeira paz.
Acreditar na paz de Jesus é acreditar que nós como irmãos e irmãs podemos viver de acordo com o ensinamento de Jesus, enfrentando os conflitos com coragem para sermos instrumentos da paz pela busca da verdade, como Jesus disse: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada".
Frei Gregório Joeright, ofm