Cor: Branco
1ª Leitura - Ap 11,19a; 12,1-6a.10ab
Salmo - Sl 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b)
2ª Leitura - 1Cor 15,20-26.28
Evangelho - Lc 1,39-56
Reflexão
Na semana atrasada, eu e minha irmã tivemos a oportunidade de ir para a Missão São Francisco no alto Tapajós entre os indígenas Munduruku. Fomos num avião monomotor e ao chegar na pista da Missão, não foi possível aterrissar por causa de tanta fumaça no ar. Aí nosso piloto disse que o único jeito era ir para uma pista mais perto e depois tentar chegar à missão mais tarde. Fomos para o garimpo Crepurizão. Já era a hora do almoço e compramos uma marmita e depois fomos sentar numa mesa no fundo do hangar. Lá tinha uma mulher que cozinhava e começou a conversar conosco. Ficou com muita alegria quando soube que eramos frades. Mas ela logo começou a chorar por causa das dificuldades que enfrentava. Ela dizia que sentia muita falta de missa e quando ela ia para a igrejinha na comunidade, muitas vezes ficou do lado de fora para rezar o terço porque a porta estava trancada. No meio desta realidade tão dura de garimpo, com tanta exploração, sofrimento, destruição e desvalorização da vida, ela não perdia a fé e a esperança. Ao sair daquele lugar onde o mundo gira em torno do ouro, eu só podia pensar que havia ali uma mulher de muita fé. Ela vivia entre muito sinais de morte, mas a fé e a esperança dela eram sinais de vida.
Na primeira leitura do livro de Apocalipse, aparecem dois sinais:
Uma mulher que está grávida, vestida do sol e uma coroa de doze estrelas. Era uma mulher de fé como sinal de vida
Depois, o dragão, cor de fogo, sete cabeças e dez chifres, com a cauda arrastava uma terça parte das estrelas do céu.
O que representa estes sinais: a mulher é Maria, mas também a Igreja. O dragão é o mal, mas também o império do mal que era o Império Romano. Entre a mulher e o dragão não há como ganhar, pois, a mulher está grávida de vida nova e sem defesa. Ela representa as pequenas comunidades que estavam nascendo no meio do Império Romano como sinais de vida. Parece que não tinha como resistir, mas é a força de Deus que ganha diante do mal.
No Evangelho escutamos sobre a visitação de duas mulheres que não podiam ficar grávidas e que se encontram. É o encontro da vida e da esperança: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre”.
Maria proclama a Magnificat, mostrando a sua fé na transformação realizada por Deus:
No campo religioso: Deus derruba as auto-suficiências humanas, confunde os planos daqueles que nutrem pensamentos de soberba, que se afastam de Deus e oprimem os homens.
No campo político: Deus derruba a desigualdade humana, "abate os poderosos de seus tronos e eleva os humildes". Não quer aqueles que exploram os outros, mas aqueles que estão a serviço dos povos para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações raciais, culturais ou políticas.
No campo social: Deus confunde a classe baseada no dinheiro e na riqueza. "Cumulou de bens aos famintos e despediu os ricos de mãos vazias"…para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade, porque todos são filhos de Deus.
Nesta festa da Assunção, Maria nos ensina três segredos:
O segredo da fé: “Eis aqui a serva do Senhor”.
O segredo da esperança: “Nada é impossível para Deus”.
O segredo da caridade: “Maria pôs-se a caminho”.
Por isso, a Assunção não é apenas uma verdade para se crer, mas sobretudo um mistério para penetrar.
É o desejo de vida que todos nós temos. Celebrar a Assunção de Maria é também lembrar que apesar de tantos sinais de morte, nós podemos ser sinais de vida e que pelo nosso compromisso de cristãos cercados pelo grande dragão, somos capazes de vencer o mal pelo bem. Como Maria e como aquela mulher que era sinal de fé no meio de tantos sinais de morte, nós também precisamos também vencer o mal e a morte e viver conforme os desígnios de Deus, sendo sinais de vida.
Frei Gregório Joeright, ofm