1ª Leitura - Eclo 1,2; 2,21-23
Salmo - Sl 89,3-4.5-6.12-13.14.17 (R.1)
2ª Leitura - Cl 3,1-5.9-11
Evangelho - Lc 12,13-21
Reflexão
Vaidade das vaidades, tudo é vaidade! São as palavras do autor do livro Eclesiastes, a primeira leitura da liturgia de hoje. Parece que são palavras sínicas! De alguém que se desgostou da vida, não encontra mais sentido na vida e acha até que o sofrimento e as dificuldades da vida nos colocam diante da futilidade da própria existência.
De fato, podemos olhar para os valores que são postos para nós. Parece que o consumismo tomou conta do nosso mundo. Muitas pessoas pensam que consumir mais coisas é alcançar a felicidade, mas no fim das contas, quanto mais o desejo de consumir tanto mais a futilidade das coisas. O produto que compramos hoje sai de moda amanha! Se compro uma televisão da última geração, ela já está fora da moda antes de terminar as prestações. O desejo de um carro 0 Km, quando sai da concessionaria o seu valor já diminui 20%. Oh sim, quero um celular que faz tudo, no fim nem 20% dos recursos que tem são usados, e gastei uma fortuna. Sim, é preciso comprar mais e mais, pois assim alcançamos a felicidade, mas no fim ficamos frustrados porque sempre tem uma nova moda, um novo produto, e nunca ficamos satisfeitos, pois continuamos sempre desejando mais e mais. Então quando as pessoas não conseguem adquirir os últimos lançamentos, ficam irrequietas, quando conseguem ficam enjoadas. Oh, vaidade das vaidades!
Talvez foi esta insatisfação humana que levou um homem do meio da multidão a pedir a Jesus: “Mestre, diz para meu irmão que reparta a herança comigo”. O homem quer que Jesus resolva uma briga de família por causa de bens materiais. Jesus, porem não mostra interesse por isto, sua missão é outra. Para Jesus o que interessa é a conversão para os valores do Reino de Deus. Não que Jesus critique o desejo de viver com dignidade com aquilo que é necessário, mas o que ele denuncia é a mania de depositar e esperança nas riquezas, perdendo a oportunidade de reunir os verdadeiros tesouros.
Então o verdadeiro tesouro é o que depositamos junto a Deus por meio da solidariedade para com as pessoas, especialmente os mais necessitados. É essa a ideia da parábola de Jesus sobre o homem que fez uma grande colheita e ficou pensando onde guardar toda a sua riqueza, construir depósitos maiores para ter reservas para muitos anos, mas que loucura, pois no final das contas não ia levar nada porque na mesma noite ia pedir de volta a sua vida! Vaidade das vaidades! O ensinamento de Jesus é fundamental: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o seu coração. ”
A liturgia de hoje então nos ensina uma grande lição. No evangelho de São Lucas estamos no caminho para aprender o que significa segui-lo. Hoje em dia é muito comum colocar tudo no seguro: há seguro de vida, para carros, roubo, incêndios, acidentes. Mas é preciso também assegurar nossa vida de fé. O dinheiro nos dá uma falsa sensação de segurança. A nossa única segurança é a vida que levamos em consequência daquilo que acreditamos.
Assim aquilo que temos não pode ser instrumento de separação ou briga entre as pessoas como muitas vezes acontece, mas sim comunhão com Deus e com os irmãos. Vivemos esta comunhão na partilha e na solidariedade. Senão tudo é vaidade e nunca entenderemos o que Jesus nos ensina: “Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
Frei Gregório Joeright, ofm